A crise sanitária causada pelo novo corona vírus mudou a rotina de Alvorada. A cidade ainda conta com serviços básicos como farmácias, mercados e postos de combustíveis e o movimento tem sido cada vez menor nas ruas. Há quem resista e siga circulando desnecessariamente e sem cuidado aos avisos de isolamento, por isso, o pedido para que as pessoas fiquem em casa tem sido cada dia mais constante.  

Na linha de frente do enfrentamento ao vírus, os profissionais da saúde e da assistência social passam por dias de muita pressão. A situação aparentemente tranquila, após uma semana de isolamento, não ilude os profissionais que projetam um cenário mais difícil para os próximos dias. Segundo os dados do próprio Ministério da Saúde, o país deverá chegar ao auge da doença ao final do mês de abril, momento em que as estruturas do sistema de saúde não terão capacidade de garantir atendimento a todos os infectados de COVID-19, e pacientes que apresentem outras complicações.

Servidores trabalham com incertezas e pressão

O SIMA tem realizado a fiscalização das condições de trabalho e de segurança individual junto aos trabalhadores do município que seguem em exercício. Diminuir o número de infectados nesse primeiro momento é fundamental para garantir que o sistema de saúde não seja sobrecarregado. Mesmo assim, o clima de insegurança está presente nos locais de trabalho. Servidores relatam que há uma descrença no poder das instituições, e a maioria não acredita que as informações sobre EPI’s sejam corretas. Não se sabe quem está doente e quem não está.

Segundo Vera Brazil, segunda vice-presidente do SIMA. – “Os trabalhadores têm dificuldade de lidar com esse novo contexto, pois é preciso repensar seu trabalho profissional, seja na área de assistência, seja na área da saúde. A perspectiva é de que em curto prazo o adoecimento de pessoas se amplie e essas pessoas precisaram de lugar para internação, ou seja, vai haver um colapso. ”.

Prefeitura recorre de liminar e expõe trabalhadores do grupo de risco

Com dois casos confirmados e mais sete suspeitos, Alvorada tem redobrado a atenção para o combate ao novo corona vírus e realizado esforços. Mesmo assim, após ser acionada pela Justiça que reconheceu o pedido do SIMA sobre cuidados de proteção aos servidores, a Prefeitura recorreu da decisão para manter em exercício profissionais da área da saúde que compõem o grupo de risco ao novo corona vírus. Expondo os mesmos à contaminação.

É fato notório que o município carece de profissionais e de equipamentos para atenção à saúde da população. Como medida emergencial, a Prefeitura anunciou a contratação de novos profissionais da saúde. O projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal prevê a contratação de 20 médicos, 20 enfermeiros e 20 técnicos de enfermagem, que atuarão pelo período de seis meses nas unidades básicas de saúde e no Centro de Saúde do município.

É preciso garantir auxílio aos mais vulneráveis

Outra questão que preocupa Vera são as famílias vulneráveis, que possuem menos condições de seguir as medidas de isolamento e de higienização orientadas, seja pela condição financeira, seja pela falta de serviços básicos em algumas localidades. – “O que se pensa sobre as famílias que não tem como se proteger? Quem são essas famílias? Onde elas estão? Onde moram? Quantos são? ”, questiona. Alvorada possui um dos piores índices de desenvolvimento do estado, com uma população empobrecida e impedida de trabalhar se faz necessário utilização de dinheiro público para superar o agravamento da crise. Para Vera Brazil. – “As medidas não podem ser individuais, e nem somente municipais. É preciso cobrar medidas do governo estadual e do governo federal. ”

A medida proposta pela Câmara de Deputados e aprovada na noite do dia 26 de março pode ser um começo para solucionar a falta de renda dos trabalhadores e famílias mais vulneráveis. O projeto de lei que depende da aprovação do Senado prevê auxílio de R$ 600,00 para trabalhadores informais, autônomos e desempregados. O valor pode chegar a R$ 1,200 em famílias chefiadas por mulheres. O Brasil tem ficado atrás da maioria dos países do mundo que além de reforçarem a quarentena, tem aprovado pacotes bilionários para manter a renda dos trabalhadores durante o período de enfrentamento ao novo corona vírus. Em parte, este atraso se dá pela confusão causada pelas falas desastrosas do Presidente Jair Bolsonaro, que classifica a pandemia como uma “gripezinha”.

União e bom exemplo

Nesse momento de incertezas, a união tem sido uma palavra que marca o momento que o país vive. Associações comunitárias e grupos sociais também têm se mobilizado para arrecadar alimentos e promover entrega de cestas básicas para as pessoas mais necessitadas. É o caso do movimento COLA! BORA? Alvorada, que surgiu a partir de ideia de suprir a demanda por alimento e já conta com mais de 50 famílias aptas a receberem doações. Um bom exemplo de como é possível ajudar o próximo nesse momento tão difícil.

Para ajudar com a arrecadação de doações o telefone de contato é o (51) 982355902.

A diretoria do SIMA reforça o pedido para que o alvoradenses respeitem o isolamento social e fiquem em casa. Esse é momento inicial da contaminação pelo novo corona vírus, o Brasil acumula mais de 3 mil infectados e 79 mortes, até o momento. Para que o número de vidas seja menor do que o registrado em outros países é fundamental a colaboração de toda a sociedade. A economia é importante, mas as vidas valem mais. #FIQUEEMCASA!