O ato inaugural da Escola de Gestão do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Alvorada (SIMA), realizado na noite de 12/07, na sede da entidade, consolidou a ideia de estruturar um centro de formação profissional continuada e um espaço de instrução democrática e cidadã permanente. O evento foi um marco nas comemorações dos 33 anos de fundação do SIMA, celebrado na mesma data. Ainda no segundo semestre de 2022, a Escola vai oferecer curso de introdução à Libras (Língua Brasileira de Sinais), com oportunidade para três vagas por secretaria municipal.
A educadora Fernanda Paulo e Olívio Dutra, ex-governador do Rio Grande do Sul, foram os palestrantes da aula inaugural, assistida por dezenas de pessoas que compareceram ao ato e por milhares na transmissão ao vivo pelo Facebook.
Na apresentação, Rodinei Rosseto, presidente do SIMA, frisou que a inauguração da Escola de Gestão ocorre em um momento de transformação do movimento sindical e quando o governo federal aprofunda o corte de verbas para a Educação e as administrações municipais colocam o ensino em segundo plano, como fazem os governos ultraliberais de direita.
MOVIMENTO SOCIAL COMO PARCEIRO
O sindicalista destacou a adesão das principais entidades sociais de Alvorada, como a União de Associações dos Moradores de Alvorada (UAMA), Umbuntu, Cooperativa Habitacional e de Prestação de Servicos Umbu Ltda (Coopumbu) e Instituto Cresça com Segurança, ao projeto de transformação da realidade dos servidores públicos, que sofrem com o desrespeito dos administradores. Também são alvo das seguidas ameaças aos direitos sociais, que vieram com as reformas trabalhista, previdenciária e com a Proposta de Emenda Constitucional 32 (PEC 32/2020), conhecida como Reforma Administrativa, entregue pelo governo federal ao Congresso.
Rosseto argumentou que, em nome de mais eficiência e racionalidade, a medida inviabiliza o aperfeiçoamento técnico e profissional da administração pública, pois concentra poderes descomunais nos agentes políticos e abre margem para o loteamento ideológico de cargos públicos.
OLÍVIO, “O APRENDIZ PERMANENTE”
Após saudar os Municipários e demais categorias ali representadas, o também ex-prefeito e ex-ministro das Cidades, Olívio Dutra disse não ser um especialista no tema, “mas um aprendiz permanente”. Olívio falou do sonho de viver dignamente em um mundo de igualdade e justiça social e fraternidade, “que não se constrói de cima para baixo e e nem por acaso”, observou.
Ex-presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, Olívio Dutra afirmou que “há séculos, a humanidade luta por mundo fraternal e essa busca levou à conquista de avanços consideráveis, ao sair das cavernas, inventar a roda, o avião e o navio de aço”. Para ele, “a classe trabalhadora tem a obrigação de aprender com a história da humanidade e com as lutas das gerações que nos antecederam”.
FERNANDA PAULO E PROCESSOS ESPECÍFICOS
Doutora em Educação pela Unisinos, Msa. em Educação pela UFRGS e Especialista em Educação Popular, Fernanda dos Santos Paulo, apontou a contribuição da Educação Popular na discussão da formação de educadores sociais, trabalhadores da Não Escolar. Tendo Paulo Freire como referencial no processo de Educação escolar e não escolar, a educadora versou sobre a necessidade da oferta de cursos e currículos específicos para trabalhadores, em especial da Educação Não Escolar, na garantia e defesa dos direitos sociais.
Fernanda Paulo, que atua como membro da coordenação do Fórum Estadual de Educação de Jovens e Adultos do Rio Grande do Sul (FEJARS) e Educadora Popular na Associação de Educadores Populares de Porto Alegre (AEPPA), explicou que a defesa da concepção de Educação Popular comporta princípios da construção de conhecimentos transformadores, que disputam projeto de sociedade.
No entendimento da especialista, a Educação Popular é concebida como uma manifestação formada a partir da expressão das desigualdades sociais, cujo conceito apresenta uma dimensão política, ética e pedagógica que sustenta o projeto de sociedade que defende o fazer educativo, a partir de práticas pedagógicas emancipadoras.
PRESTÍGIO SOCIAL E POLÍTICO
Acontecimento histórico para o município, a inauguração da Escola de Gestão mobilizou a atenção de personagens do movimento sindical e da política.
Entre os presentes, destaque para Dionilso Marcon, deputado federal do Partido dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul; Julio Fuentes, presidente da Confederação Latino Americana e do Caribe de Trabalhadores Estatais (CLATE); Catiana Leite, representante da Central Única dos Trabalhadores do estado; Luís Claudiomiro de Quadros (“Chicão”), presidente da Federação dos Sindicatos de Servidores Municipais do Estado do Rio Grande do Sul (Fesismers); Norton Jubeli, presidente da União Geral dos Trabalhadores do estado (UGT-RS); Giovana Thiago, vereadora do PT local; Fábio Marçal, Diretor Geral do Campus Alvorada do Instituto Federal, e José Caetano, coordenador do Instituto Cresça com Segurança.
Por vídeo, outras personalidades saudaram a inciciativa pioneira do SIMA. Ricardo Patah, presidente nacional da UGT, central à qual o SIMA é filiado; Stella Farias, deputada estadual e prefeita de Alvorada por duas vezes; Paulo Paim, senador do PT-RS, e Guiomar Vidor, presidente da Federação dos Empregados no Comércio de Bens e de Serviços do Estado do RS (Fecosul) e da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) no estado, manifestaram apoio à proposta sindical.
ORGULHO SINDICAL
Nas paredes do auditório do SIMA, local em que o ato foi realizado, cartazes feitos à mão pelas diretoras da entidade que expressavam o orgulho de fazer parte da classe e da representação sindical. A decoração do ambiente foi alusiva aos 33 anos de fundação do Sindicato dos Servidores Municipais de Alvorada.
O momento em que foi descerrada a fita inaugural do espaço livre de 10m x 12m, no qual funcionará a Escola, era visível a satisfação dos organizadores do evento e também dos convidados, por presenciar um acontecimento histórico.
Renato Ilha, jornalista (Fenaj 10.300)