O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha é comemorado no dia 25 de julho, data que relembra o 1º Encontro de Mulheres Negras da América Latina e Caribe, realizado em 1992, em Santo Domingos, na República Dominicana. Além de propor a união entre essas mulheres, a assembleia também visava denunciar o racismo e o machismo enfrentados por mulheres negras, não só nas Américas, mas também em todo o mundo. Desse encontro nasceu a Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-Caribenhas.

A Rede lutou, junto à Organização das Nações Unidas (ONU), para o reconhecimento do dia 25 de julho como o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha. No Brasil, o Dia da Mulher Negra foi instituído em 2014, em homenagem à líder quilombola Tereza de Benguela.

A instituição da data no Brasil é um importante marco, por representar um momento de reflexão sobre o quanto ainda é necessário avançar em termos de políticas públicas para acabar com o racismo estrutural, que remonta à era escravagista no país e que deixou a população negra, principalmente as mulheres, à margem da sociedade.

Diversos estudos no Brasil – que tem 54% de população negra, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – mostram o quanto a mulher negra é a principal vítima da violência doméstica, do preconceito e discriminação, da precarização do trabalho e dos mais baixos salários.

São elas as que mais sofrem as consequências das desigualdades sociais do Brasil e, também, são as maiores vítimas do feminicídio.

LATINIDADES

Entre os dias 22 e 24 de julho acontece em Brasília (DF) o Festival Latinidades, o maior festival de mulheres negras da América Latina promovido pelo Instituto Afrolatinas. O evento acontece no Museu Nacional da República, Setor Cultural Sul, Lote 2 (próximo à Rodoviária do Plano Piloto), em Brasília.

Em um projeto multi-linguagens que celebra memória, força e legados, o festival promove há 15 anos a produção artística e intelectual de mulheres negras e tem sido um grande encontro da cultura negra produzida em África e diáspora e também uma plataforma de impulsionamento de trajetórias de mulheres negras nos mais diversos campos de atuação.

A programação completa e os ingressos gratuitos estão disponíveis no site do Instituto Afrolatinas.
A edição Latinidades 2022 tem como slogan: “Mulheres negras: todas as alternativas passam por nós”. Dentre os destaques, shows de Drik Barbosa, MC Carol, Dona Onete e Lia de Itamaracá, homenagens para Sueli Carneiro, Conceição Evaristo, dentre outras.

ENCONTRO INTERNACIONAL

Nos dias 22 e 23, aconteceu em Salvador (BA) o VI Encontro de Mulheres Negras Urbanas e Quilombolas. Organizado pela Associação Protetora dos Desvalidos, traz como tema “Mulheres Negras Urbanas e Quilombolas Articulando Empoderamento Social e Político”.

O evento acontece das 8h30 às 17h na Casa de Angola, no Largo do Cruzeiro de São Francisco, no centro histórico de Salvador e também terá transmissão no Canal do Youtube da Associação Protetora dos Desvalidos. Além de debates, acontecerá um desfile da grife Nega Negona no encerramento.

MARCHA DAS MULHERES NEGRAS

Após dois anos de pandemia, nesta segunda-feira, 25 de julho, a Marcha das Mulheres Negras de São Paulo volta a ocupar as ruas da capital. Às 17h30, as mulheres dão início à concentração para o ato que acontecerá na Praça da República, de onde sairão em caminhada pela rua São Luiz até o Theatro Municipal.
Ao longo da manifestação, mulheres negras vitimadas pela Covid-19 e integrantes da Marcha que faleceram por outras causas serão homenageadas. Entre tantas, a poetisa e atriz Tula Pilar, a jornalista Helena Nogueira e a técnica de enfermagem e parteira Angélica Ferreira Paim (a Preta Jaya).
Integrantes do Ilú Obá de Min, tradicional cortejo feminino para Xangô, participam mais uma vez da Marcha. A abertura do ato contará com performance de Débora Marçal e o Bando Macuas.

UNICIDADE NA LUTA

Desde 2016, o acontecimento volta a ocupar os espaços públicos com o lema: “Nem fome, nem tiro, nem cadeia, nem Covid: Parem de nos matar! Mulheres negras nas ruas e nas urnas para derrotar o fascismo, o racismo, a LGBTfobia e o genocídio! Por comida, emprego, educação, saúde e demarcação das terras quilombolas e indígenas! Por nós, por todas nós, pelo Bem Viver!

Articulação suprapartidária, suprareligiosa, autônoma e independente de governos, a Marcha das Mulheres Negras de São Paulo propõe um retorno à unicidade da luta das mulheres negras, cis e transgêneras, contra as opressões racistas, machistas e decorrentes da estrutura social capitalista, articulando as perspectivas de gênero, raça e classe em apoio à causa indígena e quilombola.

Renato Ilha, jornalista (Fenaj 10.300), com informações do grupo Nós, mulheres da periferia