Durante longos quatro anos o município de Alvorada manteve contrato de higienização dos postos de saúde com a empresa Lazari Apoio Educacional LTDA. A empresa firmou contrato no ano de 2016, ainda na gestão Serginho, e passou por três renovações de contrato durante a gestão Appolo (2017, 2018 e 2019). Um contrato estimado inicialmente em um milhão e trezentos e trinta e dois mil novecentos e noventa e nove reais com oitenta e quatro centavos (R$ 1.332.999,84), e que teve aditivos somados em mais de vinte mil mensais.

Para cada funcionário contratado o valor previsto era de dois mil oitocentos e quarenta e oito reais com vinte e nove centavos (R$ 2.848,29), dos quais apenas R 1.417,10 eram efetivamente repassados aos trabalhadores. O valor estipulado no contrato é superior ao salário base de diversas categorias do serviço público municipal como agente de saúde, professores, merendeiras e auxiliar administrativo, por exemplo. O contrato foi rescindido pela Prefeitura no dia 25 de maio de 2020, seis (6) dias antes do seu término, após inúmeras denúncias e notícias de atrasos no pagamento dos funcionários da empresa. Mais uma vez a opção pela terceirização dos serviços acabou se tornando um problema e não a solução.

A empresa escolhida pelo município acumula processos na Justiça do Trabalho e desde 2017 é motivo de escândalos por atrasos em pagamento de salários e benefícios aos seus funcionários. Casos como o de Alvorada também ocorreram nas cidades de Porto Alegre, Guaíba, Esteio, Sapucaia do Sul e Montenegro. Com o fim do serviço as unidades de saúde ficaram sem higienização em meio ao surto de Covid-19, obrigando agentes de saúde, enfermeiras, técnicos de enfermagem, médicos e outros profissionais a deixarem de lado suas tarefas para realizarem a limpeza das unidades.

O SIMA e a Assessoria Jurídica (GLZ Advogados) acompanham os trabalhadores afetados desde o início das denúncias de atrasos de pagamento e até hoje eles buscam na justiça o direito de receber os salários não pagos. De acordo com o contrato, o município também é responsável por danos causados a estes trabalhadores e pode ser obrigado a realizar o pagamento dos valores devidos. Esta é a síntese da terceirização do serviço público, o município deixa de valorizar os servidores e de realizar concursos públicos e passa a firmar contratos com empresas com reputação duvidosa que lucram com contratos milionários, deixando o prejuízo financeiro para os cofres públicos.