Exibida todas as quartas-feiras, a Live do SIMA vem abordando temas de interesse geral e particular dos Servidores e da população de Alvorada, por videoconferência e acessível a todos os cidadãos. “A consciência negra no combate ao racismo” e “A Luta pela Participação Política pelo Direito à saúde e à Igualdade de Gênero” foram as questões que nortearam a Live de 17/11, da qual participaram quatro lideranças femininas.

Diretora do SIMA, Vera Brasil é Assistente Social, com especialização em gestão de pessoas. Ela é fiscal sanitária e também integra o Conselho Municipal de Saúde de Alvorada e participante da discussão sobre etnias e Igualdade Racial no Conselho Municipal de Saúde de Alvorada.

A sindicalista fez menção à Comissão Intersetorial de Saúde da População Negra (CISPN), criada em 22 de fevereiro de 2008,  com a finalidade de fornecer subsídios efetivos ao Conselho Nacional de Saúde, na temática da população negra, e pretende acompanhar a implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), além de contribuir com os demais colegiados do controle social no monitoramento das ações e recursos destinados a essa população.

PROMOÇÃO DA EQUIDADE

Ações de cuidado, de proteção e prevenção de doenças, com gestão participativa e popular, controle social sobre essa política, produção de conhecimento e educação permanente, visam promover a equidade, a partir da discussão com várias áreas sobre as questões de maior prevalência na comunidade negra.

Falando de meios estratégicos de inclusão, no quesito raça e cor, Vera Brasil lembrou que, durante grande parte da história brasileira, o negro não foi considerado gente, o que gerou um sentimento de não-pertencimento após a abolição da escravatura, em 1888.

A Assistente Social fez ver que a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) é também a defesa do direito ao acesso à saúde pela população negra e citou as chamadas ações afirmativas, como cotas, como garantia de espaço para que busquemos espaço e reconhecimento de um grupo que acabou construindo a riqueza desse páis, embora sejamos excluídos dessa participação.

RACISMO E DESIGUALDADE

Para ela, o racismo e as desigualdade étnico-raciais são fatores determinantes para a saúde da população. A diretora do SIMA afirma que de nada adiantam os discursos e as palmas que ocorrem durante a Semana da Consciência Negra se os gestores não incluem no orçamento a população negra como prioritária ou as questões da saúde da mulher.

Também o crescente índice de diabetes e a ausência de acesso aos serviços básicos e a destruição da estrutura do sistema de atenção básica de saúde é uma ação racista contra a população do país, que é tratada como uma minoria invisibilizada.

QUESITO RAÇA-COR

Ao citar o levantamento promovido pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), entre 2020 e 2021, Vera aponta que foram identificadas questões que se julgava superadas, mas que tiveram de ser retomadas, como o quesito raça-cor, tão exigido do governo federal quando da notificação de casos e de mortalidade pela Covid-19.

“Os marcadores sociais como raça, gênero, território e situação econômica exercem impacto direto nos indicadores e nas internações e mortalidade, assim como no número de vacinados, dentro de um panorama geral”, declara Vera Brasil, para quem, além da falta de recursos, o governo federal optou por não olhar para os mais vulneráveis, entre os quais estão a população negra, “colocada para morrer”, afirma.

AUTODECLARAÇÃO DA COR DA PELE

A autodeclaração racial, destinada para candidatos pretos, pardos ou indígenas, é uma ato considerado importante pela Assistente Social, por produzir informações do ponto de vista da saúde. Conforme Vera Brasil, “quando uma pessoa se declara negra ela assume a história e o processo de discriminação, como participante de um grupo socialmente invisibilizado e que não faz parte da maioria dos processos de discussão sobre políticas públicas”.

A líder sindical destaca o valor de atuar permanente no processo de formação e educação dos profissionais de saúde, para que eles possam olhar para essa questão da autodeclararão, pois ainda persiste uma vergonha de perguntar qual é a cor da pessoa, visto que esta pode não querer se identificar como tal, devido à uma circunstância de opressão existente ao longo de nossa história 

PARTICIPANTES DE PESO – A Live do SIMA teve como mediadora a Agente Comunitária de Saúde Marines Oliveira é, que também é acadêmica de serviço social e dirigente do SIMA. Participaram da conversa Fran Rodrigues Estudante de Direito e suplente de vereador pelo PSOL; Kelly Moraes, Professora da rede municipal de Porto Alegre, com especialização em História e Cultura Afro-Brasileira e mestrado em Sociologia pela UFRGS. Ela integra o coletivo Aia de professores negros da rede municipal de Alvorada.