Rodinei Rosseto, presidente do Sindicato dos Municipários de Alvorada (SIMA), e Valdemir Moretti Machado, vice-presidente da entidade, protocolaram no MP local relatório contendo denúncias a respeito da prática da prefeitura municipal e também sobre a aplicação dos recursos arrecadados junto à sociedade alvoradense. Cabe ao Ministério Público (MP) fazer a defesa dos interesses da coletividade e de todos os cidadãos, como o direito à saúde, à educação e ao meio ambiente preservado, por exemplo. Também é função do Ministério Público, a defesa da vida, dos direitos das crianças, adolescentes, idosos e incapazes.

As graves denúncias retratam questões como o desconto do tíquete alimentação de R$ 225, feito com recursos do Fundeb, que são transformados em recurso livre e não é devolvido pela prefeitura ao fundo. Há muito que os sindicalistas cobram o fim desse desconto realizado sistematicamente pela prefeitura, como fica explícito a cada dia, como uma “maquiagem contábil”.

PEDALADA – Na prática, o Governo Appolo recorre às chamadas “pedaladas fiscais”, que são operações não previstas na legislação, com as quais os governantes atrasam o repasse de verbas a bancos públicos e privados para aliviar a situação fiscal do governo em um determinado mês ou ano, apresentando melhores indicadores.

O resultado dessa distorção aparece na carência de verbas para que seja feita a aplicação no real destino dos bens financeiros. Rosseto defende a concessão do tíquete alimentação de R$ 700, sem descontar do servidor.

IRREGULARIDADES EM SÉRIE

Outra preocupação da entidade de classe dos Servidores que foi levada ao MP está na expressiva dispensa de alunos com deficiência por escassez de professores de inclusão e de professor substituto, em flagrante afronta ao direito constitucional e também ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
“Somemos a isso a falta democracia e a truculência do Governo Appolo contra o SIMA”, protesta Rosseto, que condena a proibição aos sindicalistas de ingressar no ambiente escolar, quando é possível conversar com os professores, nos horários de intervalo. “Enquanto isso – adverte o presidente do SIMA -, o espaço escolar está tomado por comerciantes, que vendem livremente toda a sorte de produtos”.

DESCUMPRIMENTO DA LEI DO PISO

No mesmo relatório entregue ao Ministério Público consta a resistência do Governo Appolo em pagar o Piso Nacional do Magistério, legitimado pela Lei n° 11.738, de 2008, que instituiu o Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN) para os profissionais do magistério público da educação básica, regulamentando disposição constitucional.

Em fevereiro desse ano, o presidente Jair Bolsonaro assinou portaria validando o novo valor do PSPN para os profissionais da Educação Básica e reconhecendo o piso da categoria para 2022 em R$ 3.845,63. A distância entre o valor estipulado para o piso e o que a prefeitura paga para o educador de Alvorada é de R$ 304,03, que deveriam se incluídos nos vencimentos dos professores.

Em vez de cumprir a lei, o Governo Appolo prefere seguir uma recomendação da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), que pretende invalidar o aumento de 33.24% e conceder somente o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de 2021, medido pelo IBGE em 10,16%. A indicação feita pela CNM não pode ficar acima de uma lei aprovada e sancionada, não podendo ser questionada por ninguém, muito menos pela administração pública.

SIMA ACIONA TRIBUNAL DE CONTAS

Agindo em defesa dos preceitos legais e pela valorização dos professores, o SIMA foi até Geraldo Costa da Camino (foto), Procurador-Geral do Ministério Público de Contas (MPC), encaminhar outras denúncias de irregularidades no desempenho da administração, como a aplicação inferior aos 25% que os municípios são obrigados a investir na Educação e o gasto exorbitante de combustível em transporte escolar no auge da pandemia, quando não havia aulas em Alvorada.

A população também quer saber porque as mães não conseguem vagas nas creches municipais, que dependem de indicação, e também porque persiste a falta de transporte escolar, que não supre a necessidade. Aonde está o dinheiro?